sábado, 16 de janeiro de 2010

Não me diga adeus!

     Sai do banho e a vi deitada na cama. Olhei as curvas perfeitas do seu corpo contornadas pelo lençol. A garrafa de vinho branco aberta e a taça tombada no chão. Dormia?
     Cheguei de modo lento. Peguei a taça e enchi com o resto do vinho que sobrara. Senti o cheiro e dei um pequeno gole. Seco. Fiquei olhando o corpo dela enquanto bebia. Era belo. Bronzeado pelo sol de domingo. Então ela se virou.
     Olhou com aqueles olhos de jabuticaba. Doces e infantis. Deu um leve sorriso com seus lábios suavemente avermelhados pelo batom. Pediu para que eu deitasse ao lado dela. E foi o que eu fiz. E senti o corpo dela me envolver pelo calor que ele transmitia.
      Senti saudades de um tempo que não volta mais. De quando andávamos juntos. O problema é que andávamos em direções opostas. Então, olhei nos olhos dela mais uma vez e vi que não podia trazê-la para minha vida confusa e inconstante. Não podia dar ao luxo de fazer com que ela sofresse novamente.
       Ela estava bem agora. Tinha objetivos bem definidos. Eu era apenas um perdido no mundo, bebendo e fumando. Participando de encontros intelectuais. Projetos de pessoas solitárias que desejam muito estar ao lado de um grande amor.
       Sei que poderia ser diferente se eu já estivesse diferente. Mas ainda não estava. Espero que quando chegar o dia em que serei mais constante ela já não tenha ido embora com outro alguém. Eu a amo e ela sabe disso. E ela também sabe que as vezes uma crônica é só uma crônica. E ela também sabe que as vezes sinto saudades de escrever crônicas romanticas.
       O que talvez ela não sabe é que tenho medo de me perder e viver uma vida que até agora não me permitir a viver. Uma vida de amor pleno, sem cobranças e sem pessoas dizendo adeus.
       Por favor, não me diga adeus!

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