quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Feliz Fim de...

Tenho algumas muitas reticências para usar nos meus títulos. Não que isso seja uma estratégia para que alguém possa ler esse texto, que de interessante não tem nada, pois ele foi construído em um momento sem sono, numa noite chuvosa e com olhos cansados. Se ao final ele parecer interessante, não foi culpa minha, tenha certeza que foi culpa sua, que se interessa por qualquer coisa.
E me falaram que após ter filho a minha percepção sobre a vida e a morte mudaria. Que a vida teria um novo sentido e a morte seria um desgosto. É fato que meu filho ainda nem nasceu. É fato que nem sei o sexo dele, chamo de filho por usar um português ultrapassado, machista e correto.
Então me questionaram sobre 2012. Eu que sempre tive a certeza que algo mudaria ao fim desse mítico ano, não que o mundo literalmente acabasse em ruínas. Mas que o mundo de alguma forma mudasse, para o bem. Para coisas positivas. Não para o positivismo ultrapassado, idealístico e incorreto. Mas para um mundo onde as pessoas fossem felizes.
Assim, não tenho medo que o mundo acabe em 2012 porque vou ter um filho. Se o mundo realmente for acabar, não vai ser o meu filho que vai impedir isso. Em dezembro, se as contas estiverem certas, ele terá apenas cinco meses e se eu, com vinte e sete não consegui evitar, o que ele poderia fazer.
Mas com essa pergunta vibrando na memória, fiquei pensando em quantas vezes o mundo acabou. E o meu mundo acaba todo dia, desde sempre. O meu mundo parasital, onde parasitava o corpo materno. O meu mundo de criança, quando ao ejacular, me falaram que agora eu era homem. Meu mundo de adolescente irresponsável, ouvindo rock e fumando. O mundo acadêmico enquanto acadêmico. Meu mundo de solteiro. O mundo em que eu não me preocupava tanto com o futuro.
Estou consciente que tenho tantos outros mundos para deixar acabar e que irão acabar, eu querendo ou não. Tantos mundos quanto minhas reticências. E ao final de 2012 tenho certeza que muita coisa acabou e que muita coisa se transformou. Ao final de 2012 estarei diferente.
Estarei pai.
Mas o certo é que, o mundo nunca acaba, o que termina é a vida das pessoas. Os átomos voltam para o Universo. Assim, sou imortal. Meu filho será imortal. E se um dia ele ter oportunidade de ler esse texto, vai ver que o pai dele sempre se considerou produto de tudo que é incerto, inconstante e irreal. Pois, sou meu próprio deus, meu próprio inferno e minha própria ansiedade. Sou porque não fui. Sou porque ainda não fui.
Sou porque em breve irei partir.
Em duas partes.
Desiguais.
Eu.
Meu filho.

sábado, 24 de dezembro de 2011

O Natal é tempo de...

Falaram por ai que Natal é tempo de paz, de sonhar e de ser feliz.
[paz] - Derivada do latim Pacem = Absentia Belli - Sem guerras.
[sonhar] - Derivada do latim somniare - Fantasiar
[feliz] - Derivada do latim felice - Favorecido pela sorte.


Agora tudo faz sentido.
No Natal devo sonhar, entrar em um mundo de fantasias, onde o ser humano não faz guerras, que não esteja envolvidos em disputas burras ou inteligentes. No natal devo fechar os olhos e acordar em um mundo que não existe, para quando eu acordar de olhos abertos para o mundo real eu seja favorecido pela sorte.
Isso eu só devo fazer no Natal.
Nos outros dias devo apenas fingir que nada acontece, que não posso fazer nada e que nada é culpa minha.
Por isso gosto do Natal.
É um dia só!
Um dia para ter paz, sonhar e ser feliz...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Não sei muito bem como...

Não sei muito bem como aconteceu.
Lembro que estava tendo um sentimento paterno. Pensei estar com saudades do meu cachorro. Essas coisas pós-modernas de considerarmos um animal como sendo parte da família. Meu cachorro era meu filho e espero não ser com o meu filho como sou com o meu cachorro.
As vezes jogo as latinhas de cerveja sobre a casinha dele, coisa que ele já se acostumou. As vezes puxo o pano dele só para vê-lo correr atrás de mim. Nem sempre dou água, nem sempre dou comida. Muitas vezes acho que ele pode ficar um dia sem comer, porque está com o peso muito elevado para o tamanho dele.
Mas não era sentimento paterno numa relação homem-animal.
Era relação pai-filho humano mesmo!
Mas não dei muita importância e a vida seguiu. Seguiu bem até o dia que minha namorada disse que estava meio estranha. Estranha entende-se por menstruação desregulada. Desregulada entende-se por menstruação atrasada que automaticamente nos remete a gravidez.
E gravidez é uma palavra estranha que me lembra gravidade. Não aquela que nos mantém presos ao chão. Gravidade no sentido de situação complicada em um contexto complicado.
Ela foi fazer o teste de farmácia.
Um risco.
NEGATIVO.
Mas a situação continuou em um contexto complicado.
Teste de laboratório.
Até 05 nada de gravidez. Acima de 100 tudo de gravidez.
55.
Brincadeira isso?
Liga para o médico. Recebe saudações e felicitações. Brinca-se no Facebook. Desmente. O médico atende. Diz que vai ser o triplo o número no próximo teste. Tem certeza que não está, mas já errou uma vez. Faz o teste, nem o dobro. Laboratório comemora.
POSITIVO.
Dúvida. Recebe saudações e felicitações mais uma vez. Presente da sócia. O médico pede novo teste. Agora sim, mais que o dobro.
400.
POSITIVO MESMO... SEM ERRO!
A vida muda, os planos mudam. A felicidade cresce.
Não sei muito bem como vai acontecer!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

No meu ombro

Jogado.
Olhando a vida passar.
Enquanto estou sentado na escada, olhando para o elevador.
Se eu pudesse agora dizer a todo mundo o que eu sinto, eu diria que sinto o frio de uma tarde chuvosa.
Sinto fome.
Por não ter devorado as utopias de outrora. Por não ter degustado a manhã de sol. Por não ter experimentado o sabor da alma cansada de tantas derrotas.
Juventude.
Morta. Morna. Moderna. Mortadela. Mandela.
Tudo que eu gostaria de ter agora.
Em dias como esses, como aqueles ou como qualquer outro.
E lá vai o perfume doce da limpeza.
Calçados molhados em calçadas escorregadias. Todo cuidado. Tudo plastificado.
O guarda-chuva cor de rosa.
Pensamento.
Preso no meu peito. Na dor de cada sonho de criança. Na felicidade mórbida de ver um assassino assassinado como se a vítima fosse outro que não eu mesmo.
Vitória. Vítima. Viagra. Verbo intransitivo indireto. Veneza.
Tudo que um dia irei usar.
Jogado na minha juventude deixando o pensamento acabar em três pontos iguais.
Reticências.
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Quando repousares no meu ombro saberás!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Tudo sobre nada

Você me pediu para escrever sobre nada, mas não sobre qualquer nada. Sobre esse nada que acontece todos os dias e sempre com pessoas diferentes. O nada mitico, antropológico e ontogenético. Um nada que de tão nada, tem dias que é muito. Há dias que sufoca, que entristece, que te faz gritar de alegria.
E não tenho nada de novidades para te contar. No fim de semana fiquem sem fazer nada, até tentei, mas nada mesmo pouco conseguir fazer. Fiquei confuso, pois ao fazer nada, tudo estava acontecendo tão rápido, na velocidade da luz. E o dia foi se passando e nada de nada aconteceu.
A noite veio e fiquei olhando o nada do céu estrelado. Aquela coisa escura que contorna os pontos brilhantes. Já ouvi falar que é nada aquilo lá, mas nada mesmo não deve ser. Nada contra, muito menos nada a favor. Apenas não acenderam a luz naquele nada e nada adianta acender, pois nada é muita coisa nos olhos de quem nada entende.
E de nada entender um vazio gigante cresceu no meu peito e nada poderia completá-lo. Fui ao médico e ele disse que não era nada. Nada grave, nada com que se preocupar. Mas me preocupo com nada e fui perguntar ao especialista no assunto, afinal quem mais entende de nada é quem faz natação. Nada ridiculo pensar assim, pois nada adianta ser adulto se deixamos para trás aquela criança que nada se importava com o futuro da nação e não sabia que por isso estava construindo um futuro fabuloso onde nada pode ser mudado se todos nada quiserem.
O rapaz da natação apenas sorriu e disse que nada adianta falar sobre isso.
E quer saber? Nada tem sentido nesse texto, se leu é porque nada tem a fazer. Se não leu nada pode reclamar. O nada é importante, quer queira quer não. E você nada pode fazer a respeito disso!
Tenho dito!
O quê!?
Nada, nada!

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Texto solicitado para Naiara Dognini, apenas porque ela não queria nada de texto!