quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Primeiro Dia

Hoje eu acordei com o barulho do despertador do celular. 7:35h. Não é uma boa hora para se levantar. Programei para despertar novamente as 8:15h. Essa sim é uma ótima hora para se levantar.
Sentei na cama e coloquei os pés quentes no chão frio. Cocei a cabeça e percebi que o pouco cabelo que me resta continua me restando. Esfreguei o rosto e senti a pálpebra do olho esquerdo tremer de modo involuntário (o que persiste em estar acontecendo neste momento).
Vou tirar o texto do passado e colocar no presente.
Encontro minha calça de moleton azul marinho. Olho no espelho e vejo que continuo com gordura localizada na minha barriga cheia de pêlos. Me sinto sensual. Suspiro e vou até o banheiro. Jogo água gelada no meu rosto e o pouco de sono que me restava se assusta e se esconde em algum pedaço do meu corpo (que mais cedo ou mais tarde irei encontrar).
Tomo meu café e solicito carona para minha mãe. Vou até o consultório. Meu pedaço de felicidade que carrego para minha vida. Decido que é hora de ir ver os planos e os valores nas academias de musculação. Decido que é hora de fazer exercícios. Decido que é hora de perder gordura da minha barriga cheia de pêlos.
A acadêmia é excelente. Os valores são salgados. Sei que algumas vezes eu já me perguntei, mas gostaria realmente de saber se tenho que me pagar de "homem gostoso" na frente do espelho quando estou fazendo os exercícios. É um ambiente hostil. Mas eu decido que preciso fazer exercícios. Ser mais um suado no meio de tantos suados. Posso pensar enquanto faço os exercícios ou isso atrapalha?
Vou até o escritório de advocacia do meu primo. Que também é meu tio. Que também é padrinho. Que também é meu amigo. Conversamos por alguns minutos e vamos até um supermercado. No caminho lembramos da nossa infância e adolescência. Os carrinhos de picolé. Os carros velhos. As músicas estranhas gravadas nas velhas fitas K7. Nos despedimos e sigo andando até minha casa.
E almoço. Vou sentir saudades desse alimento quando for hora de partir de casa e ter minha própria morada?
Então tiro esse texto do presente e o lanço para o futuro.
O sol irá aparecer a tarde. Vou caminhando até a clinica e faço mais alguns atendimentos. Se chover, voltarei para casa e conversarei com as pessoas no meu mundo virtual. Vou pensar nas garotas que estou interessado e vou chegar a conclusão que se eu mandar mensagens para elas 1:00h da manhã, talvez elas nunca irão se interessar por mim. Se o tempo se manter limpo, vou até a cidade vizinha. Vou me encontrar com uma amiga, vamos conversar e vamos rir, talvez caminhar pela praia.
Então voltarei para casa. Será noite. Vou tomar um banho. Colocar minha camiseta branca. Ajeitar o travesseiro e dormir. Talvez eu sonhe com algo, mas não sei se vou conseguir me lembrar. Se me lembrar contarei aqui amanhã.
Sonhar é sempre um bom assunto para os desavisados...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um novo começo

Esse blog entra em uma nova fase.
Deixa de ter uma poesia romantica para ter uma poesia mais urbana, concreta e escura.
O mundo de David passará a ter relatos diários de eventos cotidianos.
Minha vida contada em um blog.
Nada original.
Apenas outros clichês.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O amor já nasceu feito

Me dê um trocado que te faço o mundo
Me dê um oi que te faço um dia inteiro
Me dê um minuto que eu te faço uma vida
Me dê um adeus que eu faço a minha solidão
Me dê um beijo que então não faço nada
Nosso amor já nasceu feito.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O amor é colorido...

É engraçado como a história se repete. Não por ela se repetir, mas pelas promessas que tudo seria diferente dessa vez. Mas nunca será. Terá um novo contorno ou uma nova roupagem, mas sempre será a mesma história.
E falando em nova roupagem, nosso personagem se apaixonou por uma imagem. Mas não se sente culpado por isso, pois sabe que nasceu em um mundo voltado para o belo. E sua idéia de ética era tão estética quanto não era social. Não queria se relacionar com o ser amado. Queria apenas poder contemplar sua imagem andante. Aqueles cabelos rubros, a pele branca, os olhos verdes e as roupas.
Que roupas lindas ela tinha. Fazia combinações magistrais que levariam qualquer pessoa ao orgasmo apenas em ver aquela roupa caminhando pela cidade. Mas esse orgasmo nem sempre era possível para o nosso personagem, então ele preenchia o seu vazio com as informações midiáticas.
Sentava frente ao seu computador branco, com adesivos colados, dando um profundo ar de retrô. Sobre sua cabeça ele ligava o televisor. Pegava umas revistas. Ligava o rádio. Era uma enchente de informações que entravam pelos seus ouvidos. E as notícias também eram estéticas. Belas. Um belo selvagem, admitia. Eram mortes, assaltos, sequestros. Assassinos de ternos e gravatas matando a cidadania.
O trágico também é belo. As pernas que tremem ansiosas dentro de sua calça xadrez também são belas. Sua casa pintada de verde limão. Seu carro amarelo. Seu refrigerante de embalagem dourada. Os livros com capas brilhantes. Os brinquedos das crianças, multicoloridos. Seu desodorante com encaixe para as mãos. O televisor de tela plana. O preservativo na cor roxa. As escovas de dente com um formato que alcança a garganta. O chinelo de tiras de material reciclado. Tudo tão belo. Tão estético. Tudo não exatamente funcional.
E o seu amor pela imagem era assim também. Ele já a tinha. A imagem era um produto que ele consumia diariamente. Entrava todos os dias na sua comunidade visual de relacionamentos para enxergar aquela que era sua musa inspiradora. Essa paixão desvairada, tão cheia de coloridade.
E nesses tempos ninguém mais ouve falar de amor. O amor se vê e se revela nas palavras impressas das capas de revistas. Nas comunidades de relacionamento. Mas eu prefiro os amores estampados em outdoor, são os maiores amores que o mundo pode ver. Amém!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Uma prosa-poética para o sufoco

Em dias distantes a lembrança sufoca até o passo mais lento, o passo mais violento, as feridas mais abertas. Foram minutos de carinho, de afeto e de amor singelo. Agora a lembrança me sufoca. Sufoca e aperta o peito, como se pedisse para deixar de existir. Em vão.
As lágrimas repousam nos olhos e pedem para cair e limpar a sujeira do ambiente, encravada na face oculta do cotidiano soberbo. Meus anexos fechados, que chamo de saudade, permanecem nos armários empoeirados da sala de estar. Eu os alcanço na leveza de um sonhar apagado.
Meus sonhos, tão teus que me confundo ao acordar e não ver você ao meu lado. Logo você, que nunca esteve deitada ao meu lado, mas amassa com seu corpo ausente o lado que é só seu seu por direito. Um direito quase canônico. Então, os travesseiros de pena, o cobertor de cetim, meu pijama sujo de achocolatado. Um cotidiano fracassado por ter decidido amar errado.
Repouso. Calado. Fraco. Envergonhado. Encoberto pela angústia de não me livrar deste sufoco. Quem sou eu? Quem são vocês em mim? Quem me diz qual a melhor parte de você que dorme em mim? Quero te acordar para navegar por nuvens brancas, ou nesse céu estrelado que me acompanha febril pelos bares desta cidade morta, de pessoas mortas, de amores ressucitados.
Mas veja, as desculpas não me impedem de terminar agora. Esquecer os dedos apoiados sobre o teclado e deixar que a minha mente termine por mim. Então, se deixar ela livre, apenas o seu nome ela vai insistir em escrever. Teu nome. Ponto. Teu nome. Ponto. Teu nome. Sufoco. Ponto final.

domingo, 4 de outubro de 2009

Confuso

Ignora meus recados
Me sujeita ao esquecimento
Tropeça no meu desejo
Vai embora sem porquês
Pisa na minh'alma
Sossega nos meu braços
Tão bem sei que sabes
Sem você sou mais ninguém

sábado, 3 de outubro de 2009

Tão sem fim é o começo da loucura
Um afeto que espuma
Uma vida que se desespera
Vingança? Gelatina de Baunilha
Enfadonho.
Meus sonhos.