domingo, 6 de dezembro de 2009

Mais uma saideira...

As pessoas caminhavam tonteantes por entre as mesas do bar. Alguns esbarravam na minha cadeira, outros esbarravam em si próprios e na sua vida que estavam tentando esquecer. Eu virado para ela, via um cenário passando atrás. Três garotas tatuadas e uma cerveja na mesa. Uma mesa vazia com três cadeiras vazias. O muro sem reboco pintado de branco. Uma árvore cortada que um dia tentou atravessar o telhao de fibras. E neste cenário, eu a via como estrela principal.
Seus olhos mareados de lágrimas que insistiam em não descer. Sua voz que tentava esconder um leve desespero sumia com os goles da cerveja, gelada do jeito que ela sempre gostou. O maço de cigarros sobre a mesa estava amassado, quem diria, ela dormiu com ele no bolso a noite anterior. Desastrada.
Eu só a escutava. Meu copo numa dança frenética entre estar cheio e estar vazio. O cheiro do cigarro dela grudando na minha roupa. Meus olhos miudos do sono. Meus ouvidos sempre atentos a cada palavra dela. E ela falava dele. E de quando ele iria embora. E de como ela não tinha coragem de dizer o quanto sentia por ele ir para tão longe.
Longe, essa palavra subjetiva que todos insistem em usá-la como algo concreto. Não estaria ela longe dele? Onde estaria ele? Segundo ela, seria melhor mesmo que ele fosse embora. Em boa hora. Não queria mais chorar sozinha. Não queria mais falar nele e de como ele era um idiota por deixar ela não revelar os verdadeiros sentimentos.
Tocou uma música nada conhecida. "La nuova giuventú". Tudo que sei é que você quis partir, eu quis partir você, tirar você de mim, demorei para esquecer, demorei para encontrar um lugar que você não me machucasse mais...
Esse era o sentimento. Essa era verdade. A real verdade.
Verdade?
Seremos sinceros. A verdade minha amiga é que estamos sempre nós dois juntos, sozinhos na busca de um amor que nos incomoda em ter, mas que queremos muito. Para chorarmos juntos nossas mágoas.
E que venham os outros amores e nossas próximas lágrimas por não termos os aceitado. Por termos escolhido fazer igual sempre. Será mesmo que o pra sempre sempre acaba?
Então? Desce mais uma original?
Essa é a saideira...
Só mais uma saideira.

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