quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

The Climb

     Após dez dias de caminhada por entre árvores, flores e animais, eu encontrei a subida para a Montanha Misteriosa. Relutei em acreditar, nunca alguém havia encontrado. Se encontrou, não voltou para contar a história. Mas eu tinha certeza, aquela era a subida.
     Estava exausto, resolvi deitar e descansar um pouco antes de me aventurar por aquela estreita estrada. Acendi um cigarro de corda, tirei meu cantiu que transportava uma mistura de chá com uisque e me deixei levar pelos encantos da subida. Confesso que cochilei.
     Era nítido que eu quando podia ver o sonho que eu estava tendo. Uma voz suave, feminina e rouca, estava dentro da minha cabeça e me dizia que nunca iria atingir este meu sonho. Mas eu retruquei antes de acordar. Eu disse que cada passo meu, cada movimento perdido e sem direção, cada vez que minha fé treme, eu penso que tenho que tentar. Manter a cabeça erguida com olhos fixos no caminho estreito.
     Acordei assustado com o cheiro do cachimbo do meu avô, que desapareceu procurando a Montanha Misteriosa. Abre os olhos e procurei em volta e lá estava ele, ou que ele havia se tornado. Longos cabelos brancos, um olho cego e o cachimbo sempre no canto esquerdo da boca.
- Não precisa subir. - Disse ele - Existe sempre uma outra montanha.
- Não quero ir contra o senhor. Todos temos saudade. Eu sempre vou querer deixar passar, mas sei que existem batalhas dificeis, como sei também que vou perder algumas vezes. Isso não é sobre quão rápido eu posso chegar ao topo nem sobre o que me espera do outro lado.
- Eu sei, meu neto, é apenas a subida. Então me deixe ir, deixe eu sair da tua memória. Não faça isso por mim, faça por você. Você vai entender que sempre existe uma outra montanha.
     Eu fechei os olhos e deixei ele partir. Era por mim que eu estava ali. Não precisava colocar a responsabilidade em alguém. E as lutas que eu enfrentei, tomando chances que chamo de álcool, às vezes poderiam me derrubar, mas pelo visto não estavam me quebrando.
     Bati a poeira do corpo ao me erguer. Dei mais um gole e mais um trago. E comecei a subir. Eu sabia que talvez não podeira, mas foram aqueles momentos que vão me lembrar que só tinha que continuar. Forte. Eu tinha que ser forte.
    Ao longo da subida eu parava e escrevia. Palavras de incentivo. Continue se movendo. Continue subindo. Mantenha a fé. Mantenha a sua fé. Esta não é a Montanha Misteriosa?
Esta é a montanha chamada vida. Onde você sempre quer subir. E isso é tudo sobre a subida. Por isso ninguém volta para contar. Todos querem subir, ninguém deseja descer. Quem desce se cala e busca a subida.
Isso é tudo sobre a subida.

Hannah Montana - The climb
[http://www.youtube.com/watch?v=NG2zyeVRcbs]
Solicitação de Fernanda.

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