Lendo os noticiários no jornal percebo que falta alguma coisa ali. Mas parece tudo tão igual. As letras estão impressas, acompanhadas de algumas fotos ilustrativas. A tinta que solta e deixa a ponta dos meus dedos cinza também está ali, intacta.
Esse sentimento de que falta algo naqueles inúmeros papéis organizados de modo minucioso a estabelecer uma lógica sensata de ordem e de preservação de seu conteúdo me faz perguntar: O que falta? Olho o todo e as partes. Também estão ali os repórteres, ou colunistas e a publicidade, esta última dando cor ao cinza, ao preto e ao pouco branco ali presentes.
Resolvo ler o jornal partindo da última página e buscando a primeira na ânsia de encontrar aquilo que ali não encontro. Em vão, leio pela segunda vez as mesmas matérias e nada. Não acho o que falta.
Deixo o jornal repousando sobre a mesa de centro, tiro os óculos e esfrego os olhos que passam a arder ainda mais em contato com os dedos sujos de cinza. Penso nas matérias, nas colunas, nas gravuras e nos preços dos produtos anunciados e me surge frente ao meu nariz o que faltava.
Hoje quando acordei procurava um pouco de humanidade. Pensei que encontraria nesse amontoado de folhas e palavras que foi jogado, pelo garoto em sua bicicleta vermelha, sobre as bromélias molhadas do quintal. Mas como posso encontrar essa humanidade ali, se ainda não a encontrei aqui, dentro de mim?
Outra hora penso em um fim para este texto sem humanidade alguma.
Por mais que sua caminhada por uma estrada reta for difícil não desista nunca, pois sua luz está no final da caminha.
ResponderExcluirE só você la na frente vai poder contar a sua história :}
=*