Enfim, a maioridade chegou. 18 anos de graduado em Psicologia, quem diria? Durante muito tempo, pouca gente. Mas era uma gente que para mim era muito. Não vou citar nomes, não é sobre elas esse texto, é sobre mim. Sobre os 18 anos percorridos, quase a metade da minha vida. Será a exata metade daqui quatro anos (sou de humanas e gosto de números). Fiz uma seleção de imagens que é para ilustrar o percurso, como placas de sinalização.
O dia 09 de dezembro era domingo, o primeiro dia. Então, não conta. O que conta é a segunda-feira, dia 10. Lá estava eu, indo mais um dia trabalhar na Biblioteca Comunitária, ou seja, nada mudou exatamente. Seguia sendo auxiliar de biblioteca, ouvindo dos meus melhores amigos que a partir de agora veriam psicólogos trabalhando de qualquer coisa. Aquilo ecoou. Veio a demissão por crise, pedi para colocar meu nome, não queria trabalhar em qualquer coisa. Mas percebi, que não tinha muita coisa. Ouvi dizer que eu era um psicólogo de merda, trabalhava num despachante para não fizer sem fazer nada, então qualquer coisa bastava. Veio a enchente de 2008, pedi demissão, tinha uma vaga de psicólogo e era minha. Não era mais, o governo não pode contratar, edital errado. Vaguei pela cidade, procurando alguma oportunidade. Pessoas se compadeceram. Liguei. Liguei. Liguei. Desisti. Liguei uma última vez. Uma voz de uma senhora dizendo: Sim, precisamos de um psicólogo para o Instituto Crescer... Meados de 2009, demorou aproximadamente 30 meses para se o verdadeiro dia seguinte da formatura.
O que vem depois das reticências é "não podemos pagar muito!", mas quem se importa?! Foi ali que passei a crescer, com o perdão do uso quase que óbvio da palavra. Tudo aquilo que começava a acreditar que era verdade, passava a ser tratado como mentira: não iriam mais me chamar de fracassado, ou qualquer coisa. Era a minha oportunidade de existir como psicólogo. Até tinha horários numa clínica, mas quem iria querer ser atendido por mim? Esse era o meu pensamento. E ninguém vinha, pois eu também não ia.
O que vem depois das minhas reticências?
Eu passo a aprender a assumir o protagonismo da história que quero escrever. E ela é escrita assim: eu sou chamado no concurso público em Balneário Camboriú em 2010, que fiz em março de 2008. Finalmente posso ser psicólogo social e me dedicar somente a isso. Mas não foi só isso. Trabalhei como professor no SENAC, em especial, com jovens aprendizes. Conheci muita gente. Inclusive dando aula no presídio e na penitenciária. Sinto que a área social é o meu lugar no mundo, sinto que tenho um sentido. Perco a vergonha e vou às lutas necessárias, sempre dialogando de modo colaborativo. Mas faltava profundidade, precisava de mais conhecimento crítico. Sou convidado para a prova do mestrado, não me sinto capaz, mas faço mesmo assim. Eu passo, me torno mestre em Psicologia, o primeiro da família. Então, vem o doutorado e tudo parece decolar... Grupo de Trabalho na ANPEPP, Colaboratório para Pessoa em Situação de Rua da Fiocruz, Formador de Grupos Reflexivos de Gênero no Instituto Noos.
Eu que nunca tinha andado de avião, agora sonho em conhecer o mundo a partir do conhecimento e me dei conta disso agora, um dia antes de fazer 18 anos da formatura. Postei ontem sobre trechos narrativos que ouvi antes e depois desse dia. E por isso não postei nada dos meus cinco anos na docência no ensino superior. Porque tenho escutado muita coisa como aqueles trechos e decidi com essa postagem, que quem narra a história dos meus dias de professor universitário agora sou eu... daqui 18 anos eu posto sobre como foi essa história! Se leu até aqui, anote na agenda! Eu anotei...